VINHO + ROCK ALTERNATIVO + ETC.

domingo, 26 de junho de 2011

HAPPY-MONDAYS VAI BEM COM HEROÍNA. MAS NA FALTA DE HEROÍNA... VAI UM SYRAH?

       Ninguém se divertiu tanto no meio do rock da década de 80/90 quanto o pessoal do Happy Mondays. Quem viu o filme "24 Hour Party People" pode ter uma idéia de 80 minutos do que foi aquilo - mas os caras viveram esse tal de "aquilo" por 15 anos. E só não continuaram a viver a vida-loka-de-manchester, também conhecida como madchester, porque senão iriam morrer de overdose. Na verdade, ninguém sabe como o pessoal Shaun Ryder, seu irmão baixista Paul Ryder e o dançarino e excelente tocador de maracas Bez ainda respiram. Esses aí tungaram. No Rock'n Rio Shaun disse que traria consigo nada mais do que 1.000 tabletinhos de ecstasy. Voltou atrás e trouxe menos, pois disse que ficou intimidado com o clima das penitenciárias brazúcas. OS caras tomavam é de tudo. Crack, heroína, cocaína, mé e, claaaaaaro, um excelente vinho. Mas qual vinho é tão inspirador e bem humorado, capaz de acompanhar uma banda tão peculiar?

O vinho Happy Mondays precisa ser, acima de tudo, vibrante. Vibrante, alegre , autoral e inusitado. Digamos que feito na raça, por amor a vida-loka-do-vinho, seja lá o que isso queira dizer. E o último vinho assim tão feliz que o indie-wine provou se chama Secreto, de Viu Manent. Um Syrah espetacularmente vibrante, que preenche a boca e nos deixa feliz, feliz, feliz. E não é só porque tem 14.5% de alcool. É porque ele tem aromas de frutas maduras, picante, feliz e expansivo. Na boca é praticamente um sorriso, com figo e chocolate - e nada deixa as pessoas mais felizes do que chocolate.
E para deixar o momento mais feliz ainda, é só dar uma olhadinha no rótulo, do boneco cochichando algo na orelha da boneca (veja os peitinhos). Reza a lenda queele disse: estamos no indie-wine! Cubra os seus peitinhos! Estamos no indie-wine!                                                                         Viu Manent Secreto Syrah / R$64 / cistubebidas.com.br / Dica da Márcia, mãe de uma CEO do Indie-Wine.  
Bez - pensando em qual vinho tomar após o show do Happy Mondays. Ahã, ahã.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

HOJE TEM TWIN SHADOW NO EVENTO DA PUMA. SABE QUE VINHO ELE VAI TOMAR NO CAMARIM?

      
        Hoje tem um show especial na cidade: Twin Shadow, trazido pela PUMA em festa fechada, organizada pelo grande amigo do Indie-Wine, Mr. Lapin, e todo o pessoal da VICE. Twin Shadow é, na verdade, o nome artístico de George Lewis Jr., nascido na República Dominicana e criado na Flórida. O cara lançou seu primeiro albúm e BUM! já estourou. O disco Forget foi produzido pelo Chris Taylor do Grizzly Bear e é, sem dúvida, um marco na música indie-glam-pop-electro-fashion - tanto em termos de textura, quanto em melodias sofisticadas, faro pop aguçado e estilo - estilo físico, inclusive.  
         E qual vinho harmonizar com um cara tão meteórico, intenso e talentoso? Oras. Um vinho que suba na sua cabeça tão rápido quanto nosso amigo George Lewis Jr. subiu na vida. Um vinho poderoso, alcólico, encorpado, quente e sexy, com uma pegada latina e ao mesmo tempo cosmopolita. Um vinho intenso.  O cara é fera e, de acordo com as fontes do Indie-Wine, pediu um bom vinho tinto. Senhoras e senhores, Indie-Wine tem o prazer de apresentar o já consagrado Angélica Zapata, Cabernet Savignon. Quente, potente, encorpado, sexy, ousado, alcólico e cheio de texturas. Com certeza um marco na produção de vinhos da América Latina. É tão sofisticado quanto Twin Shadow, sem ser pretencioso. Praticamente o latin-lover dos vinhos. Se você teve a sorte de ser convidado para o show, pode se aquecer dançando. Do contrário, é só colocar Twin para tocar no som e mamar direto da fonte da Senhora Zapata. Adegasbrasil.com / R$87,00.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

MEGALOMANIAC: O VINHO (E RÓTULO) PERFEITO PARA TOMAR COM JAMES BROWN + BROKEN SOCIAL SCENE.

       Pois é. Parece que quando o assunto é rótulo style os canadenses estão com tudo. Esta aí a vinícola Megalomamiac que não nos deixa mentir. A começar pelo nome "Megalomaniac", a vinícola é completamente diferente de tudo o que você já viu. O dono, Jonh Howrad, tinha o projeto de abrir uma vinícola com seu nome. Uma pequena idéia, uma sementinha no coração de Jonh, mas que para muitas pessoas, incluindo alguns amigos, soou como um sonho megalomaníaco. E foi aí que ele desistiu de dar seu nome a vinícola e a batizou de Megalomaniac. Os rótulos são cheios de estilo, design, leveza e bom gosto, totalmente em linha com o DNA da vinícola. O Riesling, por exemplo, se chama Narcisist, e o Merlot, Bigmouth. Aqui no indie-wine a família inteira entra para o hall of fame dos rótulos.

           Para harmonizar com uma família de vinhos tão únicos e especiais, temos duas sugestões: a primeira é a banda canadense Broken Social Scene. Trata-se de uma banda enorme, cheia de gente (a charmosa Feist já cantou com os caras), com uma pegada leve, sincera, astral, democrática e, principalmente, criativa. Um som perfeito para escutar tomando um Megalomaníac branco.
Broken Social Scene - a cambada.
          A segunda sugestão é, óbvio, um megalomaníaco a altura do rótulo. Mas não um megalomaníaco qualquer. Tem que ser um dos bons, cheio de design, criatividade e personalidade, mas ao mesmo tempo leve e divertido. E quem é ele? James Joseph Brown. Isso mesmo: James Brown. Para se ter idéia do estado mental de James, ele cobrava uma multa pesada aos músicos de sua banda que não aparecem nos ensaios (vjea bem - nos ensaios, não só aos shows) com os sapatos engraxados e brilhantes. E, claro, outra multa para qualquer dançarino que dançasse fora de sincronia. É só abrir o Bigmouth Merlot, colocar James para tocar e apreciar ao mesmo tempo dois megalomaníacos. Feel good? Oh yeah, bitch.
James Brown: o rei.

terça-feira, 10 de maio de 2011

BLASTED CHURCH: OS RÓTULOS MAIS MANEIROS DO CANADÁ.

       Blasted Church é uma vinícola canadense e criativa, cuja os rótulos refletem o lifestyle e a qualidade dos vinhos produzidos por lá. O nome Blasted Church se deve a história de uma velha igreja de madeira dentro da vinícola. Na verdade, a igreja não foi construída lá, mas sim a 16 milhas de distância. E como ela foi parar lá? Em 1929 um bando de engenheiros loucos conseguiu dinamitiar as estruturas da igreja sem destruíla, e aí sim transportá-la até Okanagan Falls. Os rótulos ilustram a história, com uma mistura de massinha, 3-D e ilustração. É o tipo de vinho que você pode guardar por mais de 100 anos. Não porque ele melhora, mas porque dá uma peninha danada de abrir.
E para harmonizar, duas sugestões: TNT, do AC/DC, em homenagem a explosão da igreja e a potência de alguns dos vinhos. E, pelo astral da vinícola, qualquer canção dos suécos do I'm From Barcelona. Assim que conseguir minha garrafa, faço um brinde ao Rodrigo Cotellessa (Snow), que me apresentou a vinícola. 







Blasted Church: e aí? Tem coragem de abrir?

segunda-feira, 9 de maio de 2011

PORRADA NAS PAPILAS: UM VINHO PARA HARMONIZAR COM RAGE AGAINST.

     
       Durante uma reunião de pauta com os redatores do Indie-Wine em nossa sede em São Francisco, uma pergunta subiu a tona: qual a banda mais porrada dos últimos tempos? A resposta foi unânime. Nada de metal, nada de punk, nada de maquiagem, nada de rótulos. A banda mais paulada dos últimos anos é Rage Against the Machine. Textura, groove, riffs de guitarra, pegada e muita, muita, muita raiva contida. Uma raiva focada, canalizada e integrada, que explode a cada música, seja na dinâmica do refrão, seja no olhar psicho e nas letras politizadas de Zack de La Rocha, seja no wah-wah rasgado de Tom Morello - sem dúvida um dos mais criativos guitarristas do século, seja na platéia pulando, suando e cantando junto "fuck you I wont do what you tell me". E como eles conseguem chegar ao nível extremo da porrada?
        Eles acreditam. Acreditam nas letras. Acreditam no que dizem. Acreditam que podem mudar alguma coisa nessa porra toda. No Loollapalooza III, pela primeira vez no palco principal, subiram e não tocaram absolutamente nada. Ficaram ali, plantados, pelados, com um silver tape na boca, por 15 minutos, em protesto contra censura e todo o bla bla bla do Parents Music REsource Center. Se é marketing ou não, simplesmente não importa. Porque o som é coerente com a postura. E porque o som é uma pedrada sem precedentes. Por isso coloque-se na seguinte situação: você e seus amigos zapatistas estão planejando uma revolução tranquilamente escondidos em uma floresta, escutando Rage Against the Machine. Uma revolução não se planeja tomando água, leite ou suco. Mas sim um bom vinho. E qual vinho você escolhe para harmonizar com Rage?

         Um vinho que diz ao mundo a que veio. Nada de equilíbrio e sutileza. Pelo contrário: um vinho cheio de desequilíbrio, que atropela a tudo e a todos, incluindo homens, mulheres, carnes de caça e queijos. Um belo 100% syrah australiano que é literalmente um coice: The Footbolt d'Aremberg 2001. Footbolt era o cavalo de corrida do dono da vinícola, que pode comprar suas terras graças as vitórias do humilde pocotó. Em homenagem, ele fez um vinho cavalar.  Zahil / R$80,00.   

Footbolt - um coice.

The original Molotov Cocktail.
Um pouco mais salgado e ainda mais angustiado e violento, The Dead Arm, do mesmo produtor, é também um vinho porrada. "Dead Arm" é uma doença causada na videira na qual um fungo mata um dos galhos da planta. O que acontece é que, para sobreviver, o outro galho sai feito um louco atrás de nutrientes, carinho e atenção. O resultado são frutos concentrados e saborosos, verdadeiros heróis de guerra, capazes de anestesiar as papílas gustativas de qualquer enólogo. Robert Parker,  que por sinal é grande amigo de Zack de La Rocha e até chegou a montar um projeto com Tom Morello, deu 98 pontos ao Dead Arm 2001. É beber, curtir e escutar Killing in the Name. Inclusive, depenendo da situação, as garrafas também podem ser reutilizadas para um excelente Coquetel Molotov. Zahil / R$ 200,00 +.
Dead Arm - um pelotão de uvas que viraram heróis de guerra
 


quarta-feira, 4 de maio de 2011

VERNACCIA DI SAN GIMIGNANO - A DEBBIE HARRY DOS VINHOS.

        
            Sabe em quem Madona se espelhou no começo de carreira, lá para meados de 1980? Sim, sim, sim. Ela mesma. A primeira e única loira do rock alternativo, a Srta. Deborah Harry. Debbie conheceu Chris Stein a bandao The Stilletos e, um tempo depois, depois fundaram o Angel and The Snakes. E que depois, de tanto nossa vocalista ouvir da platéia e dos caminhoneiros "Heeeeeey, Blondie!" virou, óbvio,  Blondie.
         Debbie era uma loira angelical e sensual no meio de um bando punks no CBGB'S. A banda era tão próxima dos Ramones que quando Marky Ramones saiu da banda o baterista Clem Burton tocou com a banda, sob o pseudônimo de Elvis Ramones. A grade diferença é que Debbie nunca se rendeu a nenhum modismo, estilo ou tendência, durante todos esses anos. No meio dessa revolução punk, aonde ninguém tomava banho, penteava o cabelo e/ou usava desodorantes e sabonetes cheirosos, ela manteve-se loira, feminina, sensual e alternativa. É como jogar a Cinderela no meio do Bronx num sábado as 2 da manhã, durante aqueles filmes do Charles Bronson. Ou a Cinderela tem personalidade, ou dá adeus a sua pureza.
     
         Por isso nosso próximo vinho harmoniza tão bem com Blondie. Porque ele é uma pérola loira no meio de vinhos tintos punks, fortes e mal encarados da sua região. Trata-se do Vernaccia di San Gimignano,  a única denominação de origem da Toscana que produz um vinho branco. Feito nas colinas de San Gimignano, o vinho é um dos brancos mais especiais de toda Itália. Foi, inclusive, o primeiro vinho do país a ganhar o título de Denominazione de Origene Controlatta. E, convenhamos, assim como a Debbie Harry no CBGB'S, um vinho branco e loirinho tem que ter muita personalidade, qualidade e segurança para circular e apavorar os Brunellos, Rossos e Supertoscanos do pedaço.
Colinas de San Gimignano + Debbie = Blondie Wine.
Tudo isso sem falar que os sabores e aromas harmonizam perfeitamente a voz de Debbie. Um vinho sensual, firme, fresco, mas sem perder aquele toque de inocência que dá todo o charme. Pérola aos punks.
                 Nossa sugestão é o Vernaccia do produtor Fontaleoni. Um grande produtor, um grande vinho, por um preço excelente. R$51,00/Mistral.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

QUAL O MELHOR VINHO PARA KINKS? INDIE-WINE QUER JUSTIÇA.

        
           Existem duas bandas que sairiam na porrada caso se encontrassem acidentalmente em um pub de Londres, Liverpool ou Manchester. São elas Blur e Oasis. Inimigas declaradas na década de 90 elas só concordam, também declaradamente, em um assunto: qual a banda mais influente do mundo. Isso mesmo - a melhor banda de todo o nosso pequeno cosmo. Seria ela os Beatlles? Rollings Stones? David Bowie?

Liam and Noel: fights + songs inspired by Kinks. 
           Nada disso. Trata-se do The Kinks. Com certeza uma das bandas mais injustiçadas do planeta. Porquê? Simplesmente porque os irmãos Ray e Dave Davies, líderes do Kinks, que levaram e disseminaram o British Rock pelo mundo. Nada de Paul, Lennon ou George (Ringo não conta, claro). Pois é. Os irmãos Davies, que por sinal também inventaram as brigas entre irmãos muito antes da família Gallagher, criaram clássicos como "You Really Got Me", que em 1964 ecoavam em cada canto do mundo. Entretanto, sabe-se lá porquê, nossos Kinks foram esquecidos pela história. Nada de Gramys, nada de "Kinksmania", nada de ofurôs, champagnes, rosas, groupies e glamour. Esse pacote ficou com Keith, Mick, Paul e Lennon. Certo, certo. E depois de tudo isso você coloca a balada "Strangers" na radiola, lembra da cena em plano sequência do filme "Viagem a Darjeeling" do Wes Anderson e pensa: qual vinho combina com esses Kinks?

           Indie-wine dá a letra. Obviamente você precisa de um vinho tão injustiçado quanto o Kinks. Um vinho ofuscado pelo próprio vizinho. Um vizinho mais famoso, bonitinho e, principalmente, mais marketeiro. Estamos falando do Vino Nobile de Montepulciano. Esse vinho desconhecido e desacreditado pela humanidade. Enquanto seu vizinho de região, o famoso Brunello de Montalcino, colhe os louros, os dólares e os paladares da galáxia, nosso Vino Nobile de Montepulciano fica sempre como segunda opção. Pura injustiça. Os Nobile são vinhos maravilhosos, cheios de personalidade, terroir e verdade (?), tendo a Sangiovese como uva principal. Sem dúvida uma jóia da Toscana. Entretanto 10 em cada 10 pessoas prefere um Brunello mixurúca a um grande Vino Nobile de Montepulciano. Por isso vamos lutar por justiça: dia de Kinks na vitrola é dia de Montepulciano na tacinha. Um dos produtores mais especiais é o Valdipiatta, com um Riserva excelente, mas bem difícil de ser encontrado por aí. Por isso aí vai uma sugestão tão legal quanto e facinho de achar: Vino Nobile de Montepulciano Poliziano 2005. R$120,00/Mistral.
Justiça = Vino Nobile de Montepulciano.
    E caso ainda sobre um pouco de vinho na garrafa, vale beber assistindo a esses 3 minutos e pouco da homenagem ao filme do Wes Anderson com a trilha dos caras. O último gole, para ficar na memória.